querida, adorada, morta:


beatrice, 29 de julho.
ter que escrever um "sobre mim" é uma tarefa complexa, ditar algo sobre alguém que morreu há tanto tempo não é prazeroso e, muito menos, interessante. sinto que meus orgãos se decomporam por completo, não deixando nada além de alguns fragmentos ossais, tudo o que restou de mim foram as palavras e os sentimentos confusos, tentando encontrar minha alma-vagante — é desinteressante saber as poucas coisas que experimentei, não preciso escrever longas linhas sobre tudo que gosto (são pouquíssimas, nada extraordinárias) porque elas estão estampadas por esses registros, minhas fotos gritam black metal e é engraçado como apesar de eu achar intrísicamente vergonhoso estar usando elas para me representar, no lugar de alguma foto expositiva ainda prefiro que assim seja, gosto de poder me chamar poser como forma de piada, é óbvio que tudo por aqui é de uma bobagem completa! eu quero usar esse espaço como um local seguro para expôr todos os meus pensamentos mais íntimos, poder dizer tudo o que amarga meu coração sem o medo de ter alguém me olhando torto (eu sei que eventualmente pessoas irão aparecer por aqui, mas não estou preocupada com essas pessoas, até torço para que apareçam e se encontrem em algumas palavras minhas). enfim, minh'alma ainda vaga pela cidade de campo grande e, ás vezes, por são josé do rio preto, dois estados diferentes em pontos opostos, em cada ambiente que a encontrarem será casualmente diferente... temo dizer que fui uma pessoa nova nesses lugares, com memórias únicas e vivências intensas que só aconteceriam nos lugares específicos. podem me encontrar facilmente por shows de bandas locais, ou folheando livros antigos em sebos (talvez até em antiquários, procurando por cds de músicas extremas que eu não conhecia ainda) — reviver tem sido um processo, lento e doloroso, ainda não sei andar com meus pés, nem como usar as mãos, esse corpo não é originalmente meu... [devo adicionar novas passagens por essa página em breve, quando coisas reais acontecerem]

 

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tenho pensado em estilos de vida

 não sei em que ponto comecei com esses pensamentos, mas talvez tudo tenha dado início quando parei de comer carne e pensei até onde eu pode...